sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Ave do mês: Corvo-marinho-de-faces-brancas

O corvo-marinho-de-faces-brancas (Phalacrocorax carbo) é uma ave aquática predominantemente invernante, de coloração escura, com bico e pescoço (esticado em voo) longos. 





Estas aves apresentam no Inverno uma mancha clara  no ventre e na face. Actualmente, é observada em grande número em águas interiores, sobretudo nos rios e lagunas, onde pode encontrar alimento em abundância. 

No início e no fim do dia é frequente observar-se grandes "V" formados por dezenas de aves voando, respectivamente, dos dormitórios para os locais onde passam o dia e vice-versa. 



É típico nesta ave, após cada mergulho realizado em busca de alimento, voar para um local seco ou para algum poste existente nas proximidades, onde permanece durante algum tempo com as asas abertas de modo a poderem secar as penas.




Na Ria de Aveiro a espécie apresenta uma ampla distribuição lagunar observando-se pousada em vazas, postes, muros, ..... demonstrando grande à-vontade com a proximidade do homem.... 


..... e ocupando os locais típicos das gaivotas.



Dado o aumento significativo que estas populações invernantes têm tido nos últimos anos na Ria de Aveiro e nomeadamente nas águas do concelho de Ovar, merecem especial destaque neste mês que foi bem invernoso.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Parque Urbano de Ovar: água mole em pedra dura!


Sem dúvida que valeu a pena insistir na denúncia dos erros estratégicos cometidos em todo o processo da construção deste parque. 



Um deles consistiu na destruição da galeria ripícola do Cáster e na deficiente estratégia inicial de arborização prevista para a área.



Contudo, após tanta água correr sobre este tema, pode-se observar que:

a densidade arbórea foi substancialmente aumentada, tal como era desejável;

Junho 2013
Junho 2013

 e a vegetação ripícola foi crescendo livremente ...



Agosto 2013

Enfim, o parque tem outro ar. De modo algum aquele que se desenhou no projecto, mas aquele que a natureza exige! Há muito ainda a fazer para se recuperar o potencial biológico perdido com esta intervenção. 


E como se pode ver pela primeira imagem, muita água ainda está para cair sobre o Parque Urbano.... para que este continue a melhorar a sua função ecológica ... para que o modelo de gestão da vegetação permita a formação de uma nova galeria ripícola, ... viçosa ...... distribuída de forma contínua ...... durante todo o ano ..... ao longo das duas margens.



Janeiro 2014



domingo, 12 de janeiro de 2014

Perigo na Avenida Sá Carneiro.




Em manhã de forte afluência à cidade de Ovar, nomeadamente pela realização do mercado semanal, assistiu-se a um verdadeiro caos rodoviário na avenida Sá Carneiro, uma das principais artérias da cidade de Ovar, que se encontra com a sua última rotunda em fase de finalização. 

Sem qualquer sinalizador humano ou semáforo luminoso, as máquinas que procediam ao arranjo da via circulavam, ora para a frente ora em marcha atrás, em simultâneo com os carros que circulavam nessa mesma via de saída da cidade.





Quem tem responsabilidade por esta anarquia rodoviária?



sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Parque do Buçaquinho: prós e contras.

Não há dúvida de que a ideia de reconverter uma antiga ETAR num habitat privilegiado para as aves e simultâneamente num espaço de lazer para a comunidade é uma opção de louvar! Isto mesmo aconteceu no concelho de Ovar, tendo conduzido ao Parque Ambiental do Buçaquinho, localizado em pleno espaço florestal entre Cortegaça e Esmoriz.

Lagoas, antes de lamas e águas residuais, hoje ocupadas por patos-colhereiros (Anas clypeata), marrequinhas (Anas crecca), mergulhões-pequenos (Tachybaptus ruficollis), galeirões (Fulica atra) e galinhas-d'água (Gallinula chloropus), entre outros, conferem ao local um certo ambiente de ecossistema natural.


Hortas de aromáticas, várias, servem para inebriar o passeante que circula pelos trilhos em volta das lagoas.


Também as crianças podem aqui extravazar as suas brincadeiras num amplo espaço que é conferido pelo parque infantil (infra-estrutura lamentavelmente ausente de outros parques da cidade de Ovar).....



Mas....há motivos que levam a questionar algumas opções neste parque ambiental.

Por exemplo, observem-se as estruturas encarnadas semeadas pelo espaço.




Que função cumprem estas estruturas, previsivelmente observatórios de aves, com ausência total de discrição (não só pela cor inapropriada como também pelas enormes aberturas) e posicionamento inadequado no contexto do parque? 

Atente-se também na escultural (?) torre. 


Que função se espera desta torre (com uma camuflagem muito interessante, aliás) se do alto da mesma, a visão das lagoas é limitada e distante, dado o arvoredo envolvente existente? 





E as jangadas flutuantes existentes nas lagoas? Existem apenas como elemento estético? Porque não se lhes é dada uma utilidade efectiva? 




Ou seja, na hora de concretizar este tipo de projectos porque não ser mais ambicioso em termos ambientais? 

Em vez de tentar integrar elementos artísticos (ao bom maneirismo de Serralves) sem utilidade na valorização dos recursos naturais desejáveis para este espaço, porque não recorrer à colaboração de entidades realmente experientes, porque possuidoras de know-how, neste tipo de parques? 

Ficam as questões e a sugestão, com desejos de um Bom Ano de 2014 com muitas e melhores iniciativas ambientais por parte da actual Câmara Municipal de Ovar.



terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Fora de portas - a praia da Barra


A praia da Barra, em Aveiro, tem sido notícia nos últimos dias pelos estragos que o mar tem produzido, um pouco à semelhança do que tem acontecido noutras zonas litorais nortenhas, como o concelho de Ovar.




Um café de praia foi previamente desmantelado, outro não escapou à fúria das vagas ficando semidestruído e outros, provavelmente, serão também arrastados, irremediavelmente, dado o estado em que se encontra a arriba dunar.














A praia da Barra, ao contrário da Vagueira e da Costa Nova, não era habitualmente um local privilegiado para o ataque do mar. Este ano foi. Talvez para isso tenha contribuído o aumento recente do comprimento do molhe norte do porto de Aveiro.





Tal como acontece noutros povoados litorais ameaçados, o desaparecimento do cordão dunar colocará o nível do mar ao nível das construções urbanas adjacentes à praia. O abandono da frente litoral é um cenário angustiante, mas cada vez mais se torna uma realidade próxima.



As previsões meteorológicas não melhoram. Bem pelo contrário. O estado da costa continua ameaçado.


sábado, 4 de janeiro de 2014

O mar está aí à porta de casa. E agora? (3)

As condições meteorológicas adversas ocorridas durante a madrugada não permitiram registar outras facetas que a luz do dia pôs às claras.

As vagas enormes, abatendo-se sobre a linha de costa...




Vagas que projectaram milhares de pedras sobre a frente marginal.




Vagas e pedras que obrigaram a cuidados redobrados para minimizar mais estragos...






Mas uma olhada à parte sul da praia do Furadouro permite confirmar aquilo que há muito era previsível (cap. 20 de "A praia dos Tubarões"). O mar junto à extremidade do enrocamento invade terra adentro, de forma fácil dadas as baixas cotas existentes. 







O elevado índice de susceptibilidade aos galgamentos verificado nesta zona é comprovado também pelas charcas que aqui se observam.




O caminho está aberto.... cada vez mais fácil serão os galgamentos oceânicos pela zona sul da praia do Furadouro.