quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Eco-Urbanismo ovarense?

A 8 de Novembro assinalou-se mais uma daquelas datas memoráveis - o Dia Mundial do Urbanismo


Uma iniciativa nascida em 1949, em Buenos Aires (Argentina), para promover a troca de ideias em torno dos problemas urbanos, nomeadamente das técnicas e modelos a serem utilizados, de forma a que as cidades encontrem um equilíbrio arquitectónico integrado num desejável modelo de desenvolvimento urbano sustentável.


Não me pareceu que a data tivesse tido por parte dos media portugueses uma atenção significativa; tão pouco, aqui em Ovar. 


Contudo, parece-me ser o tema, demasiado importante para que passe a data sem um apontamento oportuno. Para o efeito proponho a observação cuidada de três imagens....urbanísticas....de forte impacto visual....




Primeira imagem:



Num primeiro impacto visual poder-se-á ficar com a sensação de que estamos perante uma daquelas funestas imagens, produzidas durante um qualquer conflito bélico ou de uma situação ruinosa do pós-guerra.


Segunda imagem:




A imediata sensação de que a imagem se reporta a uma qualquer via secundária, implantada talvez numa zona campestre ou pelo menos afastada de qualquer centro citadino, parece ser a conclusão óbvia a todo e qualquer observador. 




Terceira imagem:




Também esta parece ser uma imagem de subúrbio. De um daqueles sítios, bons para serem usados pelos cães ou para depósito selvagem de lixo....




Mas não! Estas imagens escondem outras realidades.


São imagens de urbanismo.... mas daquele que não parece encaixar bem no tal conceito de urbanismo sustentável, que a efeméride de 8 de Novembro proclama. Daquele urbanismo que não se preocupa com a qualidade de vida dos cidadãos. Daquele urbanismo que não é capaz de fazer crescer, dignamente, uma qualquer CIDADE.




Na realidade estas três imagens pertencem ao centro urbano de Ovar!!! 


Repare-se nelas, agora, com um olhar mais abrangente:




Primeiro cenário urbanístico:













Este local, a estação de caminhos-de-ferro, é o primeiro cartão de visitas da cidade de Ovar, para qualquer passageiro a viajar de comboio na linha do norte. Ruínas, ruínas e materiais amontoados... 




E como se não bastasse este decrépito cenário, a arquitectura envolvente à estação, embora com uma importante história local, encontra-se sem prestígio algum no momento actual.







 Porque não um pouquinho de brio com a estação de caminhos-de-ferro da nossa cidade? É que nem a esperada modernização da linha do norte é justificativo para tal desmazelo...




Segundo cenário urbanístico:









Afinal, não se trata de uma zona de campo...trata-se da Rua dos Precursores da República, que é, nem mais nem menos que, a rua frontal à estação dos Caminhos-de-Ferro....a primeira via a ser percorrida por quem se digne desembarcar do comboio na nossa terra. 

E porquê, há tantos anos, este cenário degradante nesta zona da cidade? Será que não há uma solução para este urbanismo tão descaracterizado, vai para décadas?


Terceiro cenário urbanístico:





Não. Também não se trata de um baldio situado em local isolado. Nada disso! Este "buraco" situa-se em plena Rua Conselheiro Arala Chaves, mesmo ao lado do Jardim Almeida Garrett. Tão somente na (segunda) via alternativa com destino ao centro da cidade, para quem chega de comboio a Ovar. 
Enfim, mais um "lindo" postal ilustrado da nossa cidade. 
Este espaço estará provavelmente à espera de melhores dias, para ser ocupado com algum bloco de apartamentos....mas até lá, será que não se arranja uma forma de conferir ao local a harmonia estética desejável? É que se vê este cuidado noutras terras; porque não nesta?


Bom. Poderão os leitores perguntarem a si mesmos, que relação terá este tema do urbanismo com as questões ambientais que este blog pretende abordar pela sua vocação. Tudo, mesmo tudo!

Urbanismo e Ambiente andam de mãos dadas. Cidades e campos tocam-se. Algumas vezes de forma positiva. A maioria das vezes, infelizmente, de forma negativa.

Desenvolvimento Sustentável passa por organizar a cidade e preservar o campo. 

Deixar crescer matos e ervas daninhas em pontos da cidade, como estes que aqui foram retratados, ou deixar em forma de destruição o património construído, como nestas fotos também ficou demonstrado, não é sinónimo de organização de uma cidade, nem aumenta a biodiversidade da mesma.

Por outro lado, levar o urbanismo (ou seus apêndices, como torres, trânsito e ruídos) para áreas sensíveis, como por exemplo, a Área da Foz do Cáster, não valoriza a cidade, e pelo contrário destrói os poucos rincões naturais que ainda a abraçam. Mesmo que esta estratégia idiota seja "abençoada" por um POLIS! 



(este artigo foi publicado no jornal "João Semana", de 15/12/10)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A propósito do Dia Nacional do Mar.

Comemora-se hoje em Portugal o Dia Nacional do Mar. Não sei de que forma nem com que abrangência.

Mas uma coisa é certa: há episódios da nossa história recente que, pela proximidade ao nosso território e à felicidade associada às condições climáticas e oceanográficas do momento nos fizeram escapar daquilo que seria um verdadeiro flagelo ambiental na costa portuguesa. A poluição da costa norte de Portugal.

É por esta razão que, neste dia comemorativo, convém recordar a necessidade de estar sempre alerta e dizer "Nunca mais" à poluição do mar!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Avanço do mar intensifica debates e encontros.

[noname.jpg]O contínuo avanço do mar sobre a linha de costa, com reflexos acentuados no litoral norte e centro do país, tem pressionado o governo, através da sua ministra do Ambiente e de diferentes organismos da Administração, bem como, autarquias e associações locais de defesa do ambiente a promoverem sessões de debate.

Assim, no passado dia 10 de Novembro, esteve presente em Ovar, numa iniciativa dos Amigos do Cáster, a presidente da Administração Regional Hidrográfica do Centro, Professora Doutora Teresa Fidélis, para falar do Plano de acções para o Litoral no período 2007 a 2013 e de alternativas às acções até então implementadas.

No dia anterior, a Comissão de Ambiente e Urbanismo da Assembleia Municipal de Ovar reuniu tendo decidido sobre a necessidade de existir uma grande pressão por parte da Câmara Municipal de Ovar no sentido de fortes intervenções no litoral do concelho.

Também no próximo dia 26 de Novembro irá decorrer na Universidade de Aveiro um importante Encontro de investigadores, que irá reunir os maiores especialistas em Zonas Costeiras em Portugal, pelo que se espera que a curto prazo se possa ter uma nova visão de como intervir de forma consistente na faixa costeira portuguesa.

sábado, 6 de novembro de 2010

POLIS Ria de Aveiro - Reportagem no programa Biosfera


No passado dia 24 de Outubro o programa BIOSFERA (RTP 2) apresentou uma importante reportagem, na qual era lançado um alerta sobre os perigos que o Polis Ria de Aveiro poderá representar para a biodiversidade deste ecossistema, caso se venham a realizar intervenções ambientais sem nexo.
Para ficar por dentro desta questão clique aqui.                     

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Polis Litoral Ria de Aveiro - um instrumento de requalificação ou de delapidação?


Em Maio de 2010 foi lançado o Concurso Público, no âmbito da Intervenção da Polis Litoral Ria de Aveiro, para Concepção do “Projecto de Reordenamento e Qualificação da Frente Lagunar de Ovar: Cais da Ribeira, Foz do Rio Cáster e Praia do Areínho”.
Terminado o período de concepção de propostas e após a divulgação dos resultados da selecção dos concorrentes apanha-se o ‘grande choque´: a entidade que acabava de ganhar o concurso apresentava um projecto cheio de fragilidades, que passavam, entre outros, pelo desconhecimento da região, pela incapacidade demonstrada na avaliação dos recursos da zona e pelo menosprezo dos impactes ambientais decorrentes da concretização desse mesmo projecto.
Passemos então a analisar algumas das acções que os projectos deviam contemplar em cada uma das três zonas bem como as propostas saídas do projecto vencedor.


Praia do Areínho
No que respeita a esta praia era solicitada pela Polis, entre outras a: a) valorização das zonas verdes através da sua utilização como espaços de lazer (parques de merendas, campos de jogos); b) criação de percursos a interligar os espaços; c) construção de um cais de acostagem para pequenas embarcações de recreio. Tudo isto se pedia, sem perturbação das espécies e habitats naturais existentes no local.
Acontece que, para uma valorização real desta praia é absolutamente essencial aumentar a extensão e volumetria do areal da mesma. 



Sem o cumprimento deste pressuposto é difícil imaginar o sucesso de qualquer um daqueles objectivos. Ora, por um lado, o projecto seleccionado não contempla a reposição das areias e por outro lado, para a sociedade Polis, este tipo de reforço arenoso sai fora do orçamento do projecto. Cabe então perguntar. Que coerência de intervenção existe neste Polis da Ria? Mais, para a Polis é perfeitamente admissível que os percursos a delimitar na praia possam ficar submersos! Mas que disparate é este que obrigaria os passeantes a terem que se deslocar dentro de água ou então a esperarem pela descida da maré?



Cais da Ribeira
No que respeita à requalificação e valorização deste cais, a Polis Ria de Aveiro advogava, entre outras, a reabilitação das margens do cais e do acesso pelas embarcações.
Na verdade, a função principal de um cais é permitir a chegada e partida de embarcações, pela água. Facto, que no tempo actual e na Ribeira de Ovar é praticamente impossível sempre que o nível das águas começa a baixar. A grande amplitude das marés e o estado de elevado assoreamento do cais da Ribeira impossibilita a navegabilidade.
Assim sendo e como medida primária seria lógico esperar que, antes de qualquer outra acção de cosmética a realizar no cais, se começasse por resolver o principal problema do mesmo, ou seja proceder à sua dragagem bem como do canal de acesso ao mesmo. Mas nem o projecto vencedor contempla esta intervenção, nem tão pouco a Polis a engloba nas suas acções, «por ultrapassarem o âmbito deste programa e as suas disponibilidades financeiras». Mais uma vez se revela pertinente perguntar, que programa é este Polis e afinal que vantagens efectivas quer trazer à Ria de Aveiro?


Foz do Rio Cáster
Relativamente a esta zona húmida ovarense a Polis apontava, entre outras, as seguintes intervenções de requalificação: a) criação de um percurso ciclável ao longo do rio; b) limpeza das margens e requalificação da vegetação ao longo do caminho existente, com eventual erradicação de espécies infestantes e com a substituição destas últimas por espécies autóctones.
Desde logo a leitura dos Termos de Referência do concurso deixava antever o grande e perigoso desconhecimento por parte da equipa do Polis sobre a real distribuição dos recursos naturais do concelho de Ovar. Isto, porque fazia uma referência muito preocupada relativamente aos recursos muito sensíveis (quais?) existentes na praia do Areínho enquanto pelo contrário não demonstrava qualquer preocupação por aquela que efectivamente merece tais preocupações ambientais - a Foz do Cáster e áreas envolventes! Vejamos então.
O projecto vencedor, ao contrário de outro(s), não apresenta quaisquer medidas de intervenção no sentido de realizar o controlo de espécies arbóreas/arbustivas infestantes nem tão pouco a sua substituição por espécies autóctones. Mas ganhou!
Para uma zona de tão elevada sensibilidade, como a zona da Foz do Cáster, com espécies da avifauna muito vulneráveis, o projecto vencedor propõe não só levar a ciclovia mesmo até à Foz do rio (com todo o barulho e fortes perturbações daí decorrentes), como criar um parque de estacionamento na foz! Deve ser uma ideia linda e oportuna, para eles, mas seguramente destruidora para a natureza! E a Polis «abençoa» tal ideia dizendo que as aves não se encontram por lá e que o habitat presente (caniçal) até nem é importante! Confesso nunca ter ouvido tanto disparate junto.



Mais ainda. O projecto vencedor propõe, como forma de observar aves, levantar uma torre a meio do percurso. Uma torre naquele lugar? Para observar aves? Isto é uma ideia de loucos e de quem nunca experimentou tal ofício. Numa zona como aquela, para observar aves basta um par de binóculos, discrição e pouco mais! A implantar-se um posto de observação naquele local, este deveria ser de reduzida envergadura, posicionado lateralmente ao caminho e completamente enquadrado na cortina arbórea. Uma estrutura destacada, como uma torre, implantada naquela zona, além de constituir um elemento poluidor da paisagem constituirá mais um factor de grave perturbação para o meio envolvente.
Este projecto Polis Ria de Aveiro (pelo menos para o concelho de Ovar) mostra-se de uma tal aberrância que é forçoso lembrar algumas ideias: 1) as muitas asneiradas ambientais produzidas pelo país fora não o foram por cidadãos individuais, nem tão pouco por associações não governamentais; são sempre efectuadas por instituições governamentais ou por equipas por elas indigitadas, teoricamente idóneas, bem assessoradas tecnicamente e cheias de «profissionalismo». 2) as muitas asneiradas ambientais produzidas pelo país têm demonstrado que, da teoria à prática, vai frequentemente uma distância enorme, de uma dimensão proporcional à presunção dos decisores, frequentemente ricos de puro amadorismo nas abordagens realizadas; 3) Os recursos naturais de Ovar merecem ser cuidados e não desbaratados! Quando se desconhecem as matérias sobre as quais se tem que intervir ou quando não se conhece as realidades de um dado local, estude-se primeiro, antes de se opinar com uma mão cheia de bitaites.

(este artigo foi publicado no jornal "João Semana", de 01/11/10)



segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Oceano continua a ameaçar a Praia do Furadouro!

Indiferente às asneiras de (des)ordenamento que naquela praia têm sido permitidas, indiferente à irresponsabilidade de quem devia ao longo dos anos ter reclamado intervenções consistentes para defesa da costa.....o oceano aí está...mais uma vez a reclamar a sua vontade de avançar terra adentro. 

Chama-se a isto «transgressão marinha».



Ontem Domingo, ao fim da tarde ia acontecer mais uma preia-mar e as centenas de populares presentes na praia observavam as investidas do mar sobre a frente marginal.



Pelas ruas abaixo corria, à semelhança do que havia acontecido no dia anterior, a água marinha.




















Um cenário deprimente e de deixar em sobressalto quem tem assentamento na «linha da frente».




Afastada dos muitos olhos que observam a zona urbanizada do Furadouro está a praia a sul. Essa martirizada faixa que recua a um ritmo impressionante, como resultado da presença dos esporões do Furadouro, os quais servem únicamente para isto: destruir a faixa costeira a sul!





Como já alertei,* o «efeito de esporão» conjugado com o «efeito de enrocamento» originam uma tão grande violência no ataque da ondulação à costa que os galgamentos nesta faixa da costa, entre o Furadouro e o Torrão do Lameiro, têm-se intensificado cada vez mais.




Dado que o clima de agitação marítima ocorrido nestes dias não correspondeu a uma situação de temporal, é de esperar que outras situações bem mais graves possam vir a acontecer durante os meses de Inverno na praia do Furadouro.


* in "A Praia dos Tubarões" 

terça-feira, 5 de outubro de 2010

5 de Outubro de 2010: Manifestos ambientais por Portugal





Manifesto Negro

Nunca mais em Portugal, um assassinato brutal de um Chefe de Estado, como foi o de El-Rei D. Carlos (e de seu filho o Príncipe herdeiro, Infante D. Luís);

Nunca mais em Portugal, ter como bandeira os exemplos desse período negro (Revolução Francesa) falsamente identificado com a "Época das Luzes", e que sob a capa de uma imensa escuridão tem procurado esconder o "Grande Terror" (Maldade) então instituído em nome de outras conquistas (Liberdade, Igualdade, Fraternidade);

Nunca mais na época presente, eleger para governantes de Portugal, quer a nível nacional quer a nível local, indivíduos que em vez de suor transpiram ódio e querem assumir o Absolutismo nos seus modus vivendi, unicamente para estrangular o Povo e destruir o seu território.


Manifesto Verde

Gratidão pela visão sábia que há mais de oitocentos anos levou El-Rei D. Sancho I a povoar o interior do país;

Gratidão pela visão estratégica que há setecentos anos levou El-Rei D. Dinis I a florestar o país;

Gratidão pela visão inteligente que há seiscentos e cinquenta anos levou El-Rei D. Fernando I a proteger a nossa agricultura;

Gratidão pela visão científica que há mais de cem anos levou El-Rei D. Carlos I a promover o estudo do nosso mar.



Manifesto Branco





Pela  Restauração de Portugal:

Não do domínio Filipino,

Não da dependência militar ou económica do estrangeiro,

Mas do embrutecimento das ideologias políticas,

Das guerras intra e inter-partidárias,

Da castração imposta pela Constituição ao modo de Regime,

Da falta de bem querer, dos governantes, à terra portuguesa (na conservação dos solos, na protecção da floresta, na protecção e valorização das espécies da fauna e seus habitats, na promoção dos valores culturais e no desenvolvimento das regiões interiores do país).





Neste Centenário de 5 de Outubro:

Recorde-se, com amargura, o Rei brutalmente assassinado;

Saúde-se, com alegria, o Senhor Dom Duarte de Bragança, esperança de um Ambiente Sustentável e factor de estabilidade para uma Nação à deriva!

Viva o Rei!
Viva Portugal!


domingo, 3 de outubro de 2010

Dia Mundial do Habitat

Na primeira segunda-feira de Outubro de cada ano assinala-se o Dia Mundial do Habitat. Cada vez mais ameaçados, todo o esforço em prol da conservação dos mesmos é absolutamente imprescindível!


Brevemente neste mesmo sítio dar-se-à conta de verdadeiros absurdos no tratamento dos habitats!


Para já recorde-se notícias, infelizmente sempre actuais. Clique aqui.

Debate sobre Erosão Costeira: Conclusões

Tal como anunciado, decorreu no passado dia 23 de Setembro no auditório da Junta de Freguesia de Ovar, mais um debate em torno das abordagens técnicas a adoptar no concelho para minimização dos efeitos que a erosão marinha tem produzido no litoral.

Indiferente a estas preocupações esteve a Câmara Municipal de Ovar, ao não se fazer representar. Interessados por esta temática estiveram alguns deputados municipais e vários cidadãos ovarenses, presentes.

A professora Cristina Bernardes, investigadora do Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro apresentou uma série de diapositivos onde abordava a questão da alimentação artificial das praias, corroborando a estratégia que, pessoalmente venho defendendo ao longo das últimas duas décadas e que tanto melindre e confusão criou em certas mentes....locais. 

Foi dado a conhecer pela referida investigadora um projecto com "diques de areia" pensado para recuperar a zona sul do Furadouro. Uma zona que, desde finais da década de 90 tenho vindo a alertar como sendo de altíssimo risco, pelos estudos por mim aí efectuados; por exemplo, no que respeita a certas zonas do cordão dunar que, em 1973 apresentavam 19 m de altura, em 1999, apresentavam apenas 7 m e hoje simplesmente não existem*

Este projecto faz todo o sentido, como primeira abordagem decente ao problema da erosão costeira no concelho e vem na sequência das conclusões dos trabalhos de monitorização da linha de costa que levei a cabo em 1998 com a supervisão da referida professora e que continuaram ao longo dos anos seguintes.  




Contudo, em minha opinião, não será esta a metodologia mais eficiente para um equilíbrio da linha de costa, como aliás já o referi no passado. Vale, apenas como um primeiro passo!


* ver "A Praia dos Tubarões" (cap. 13)



 

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Debate sobre Erosão Costeira

No próximo dia 23 de Setembro irá ser realizado em Ovar, conforme cartaz anexo, um debate que visa alertar a opinião pública e a autarquia vareira para os graves problemas que se têm acentuado na nossa costa, face à ausência de uma estratégia eficaz de ordenamento do litoral.


                                                 


Fica o convite à participação!

sábado, 18 de setembro de 2010

Fora de portas (1 ) cont. - Arte suína no Muranzel?

Escrevi há dez semanas sobre o lixo que abunda nas margens da Ria de Aveiro, abandonado por quem as frequenta, a pretexto do nobre ofício de ser "pescador de fim-de-semana". 


Sinceramente, não esperava que este tipo de atitudes fossem ultrapassadas de um dia para o outro, pois a quem faltam hábitos de higiene mental não podem ser pedidos, num espaço de tempo tão curto, hábitos de higiene social.


Por outro lado, creio que quem suja a Ria não cresceu nem vive junto dela; creio antes, serem «estrangeiros» que por aqui caem.....


Ora, tendo lá passado recentemente, fiquei verdadeiramente incrédulo com o que vi. Alguém, que não tendo consciência do que é sujeira e por conseguinte não conhecendo o caminho para o eco-ponto mais próximo, gastou uma boa porção do seu tempo de ócio a recolher lixo para «alindar» a vegetação e os sinais de trânsito das redondezas. 


Incrível, esta postura. Verdadeiramente incrível este estilo de arte suína!










Gostam deste estilo de arte? 


Muito bem, pratiquem-no ..... mas nas vossas pocilgas de onde nunca deveriam sair para ir à pesca na Ria. É que a Ria de Aveiro já possui a sua fauna própria!





sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Fora de portas (3) - Solidariedade para com o Ministro, precisa-se!

Este Verão e a propósito dos múltiplos incêndios que grassam pelo país, ouvem-se, diariamente na TV, populares, bombeiros, autarcas, bispos, ..... falarem de crime organizado! 

Uns pedem a pena de morte para os incendiários, outros pedem aos infractores apenas o arrependimento dos crimes.

O ministro do pelouro e responsáveis pela protecção civil falam de um verdadeiro teatro de guerra, onde se perdem vidas e bens .....

Alguns comentadores (incluindo investigadores) fazem sentir a relação entre o aumento da temperatura média global do planeta e a ocorrência destes fortes e numerosos incêndios.

Uma coisa é certa: Finalmente o povo acordou! 

Finalmente os portugueses já são capazes de assumir, de forma desinibida, uma realidade que sempre esteve bem visível! E se esteve! (Recorde, este primeiro parágrafo, de há quatro anos atrás!)

Crime! Criminosos que a justiça devia punir!

Fiquei contudo perplexo, enquanto Portugal ardia,  com as palavras do responsável máximo (o sr. Ministro).

Quando os jornalistas o questionaram (mostrando reportagens em que tais factos são visíveis) sobre os constantes pedidos de ajuda, o esgotamento e a  impotência perante a limitação de meios e homens, demonstradas por parte dos bombeiros, bem como, dos apelos dos autarcas das zonas afectadas, o ministro afirmou, com ares de grande convicção, que tendo estado nalgumas frentes de combate ao fogo não sentiu isso, bem pelo contrário. Sentiu a solidariedade desses autarcas no sentido de que a estratégia do governo estava a resultar!

Mas o que é isto? O sr. Ministro vai aos locais de aflição buscar solidariedade das populações para si, para a sua política, para a sua auto-estima? Eu sempre pensei que seria mais lógico ele lá ir para demonstrar a sua solidariedade às populações aflitas e em risco! Começo por não entender, de facto, a filosofia deste homem.

Nem entendo, como é que durante mais de cem anos a floresta portuguesa teve os imprescindíveis guardas florestais, que tão sabiamente sabiam cuidar das nossas matas, limpando-as do excesso de manta morta, de árvores velhas, troncos caídos, mantendo os aceiros e arrifes,......vigiando, controlando......e desde o início dos anos setenta, com as sucessivas reformas dos Serviços Florestais, esses mesmos profissionais acabariam por ser simplesmente extintos.....

Porque não começar por aqui? 

Talvez uma reorganização da autoridade florestal, com um organigrama bem mais funcional no terreno (e não nos gabinetes e espaços de apoio aos gabinetes), com o reaparecimento da figura do antigo guarda florestal viessem a trazer bem mais benefícios à floresta portuguesa do que as palavras de circunstância e vazias de objectividade saídas da boca deste ministro, sempre que colocado perante as câmaras da TV.



terça-feira, 13 de julho de 2010

Fora de portas (2) - Vamos Limpar Portugal?

Há uns dias referi-me à grande quantidade de lixo que é abandonado na margem da Ria de Aveiro, ao longo da estrada nacional 327, sobretudo entre o Muranzel e S. Jacinto. Contudo, se caminharmos na outra berma da estrada o cenário repete-se.....pois os picniqueiros de fim-de-semana esquecem-se quase sempre de recolher a lixeirada que produzem.




Às vezes questiono-me se estas pessoas apresentam o mesmo comportamento dentro de suas casas, abandonando os papéis, os plásticos e tudo o mais pelos compartimentos da casa....


É claro que, nestas coisas da falta de formação ao lidar com os lixos, há sempre excepções. E mais uma vez, se pode constatar que há gente "preocupadissíma" com o acondicionamento do mesmo!







Trata-se daqueles que acreditam (ou querem dar ideia disso) que o lixo ficará eternamente acondicionado dentro dos sacos .... e que um dia há-de passar por ali um ou mais daqueles "amigos do ambiente", que muito preocupados com a natureza levarão o lixo dali para fora. Portanto, para quê estar com mais incómodos, agora que estamos em plena fase de digestão das febras ou das sardinhas bem regadas e só nos apetece é ir embora e chegar a casa rapidinho?

"Vamos Limpar Portugal"? Nem pensar!!!!!! Não alinho em marketing ambiental, que apenas serve para preencher os Planos de Actividades e as agendas de determinadas instituições e grupos!

Para mudar comportamentos nesta matéria como em várias outras entendo ser bem mais apropriado, em primeiro lugar educar e formar consciências ("Vamos Sensibilizar Portugal"), em segundo lugar, regulamentar e fiscalizar comportamentos ("Vamos Fiscalizar Portugal" ) e em terceiro lugar, proceder à aplicação de fortes coimas a todos os infractores ("Vamos punir Portugal").

Só assim, como em outros países da Europa, onde o livre depósito de lixo é impensável em parques, florestas, zonas de lazer.....se pode ordenar a paisagem, valorizando a beleza das zonas verdes em detrimento da vulgarização da imundície.

sábado, 10 de julho de 2010

Fora de portas (1) - dar banho à minhoca, pescar algas e sujar a Ria



Entre o Muranzel e S. Jacinto, as margens da Ria estão invariavelmente repletas de pescadores desportivos, sobretudo durante o fim-de-semana. São estes pacientes homens (e também umas poucas mulheres) que de forma estóica lançam vezes sem conta ao longo de uma manhã ou de uma tarde o isco à água na esperança de uma pescaria no final da jorna. Grande desafio este!
Pena é que se esqueçam no fim da "festa" de levar para casa o isco sobrante e sobretudo o vasilhame onde o mesmo esteve.

Mas, como diz aquele provérbio tailandês ou "o peixe é esquisito ou os pescadores não percebem mesmo nada do ofício". É que, frequentemente, se assiste àquela luta feroz entre pescador e anzol.......a cana a vergar, a vergar cada vez mais, ......a linha totalmente tensa, a ser puxada cuidadosamente para o carreto, ......e os olhos postos na linha, à espera de ver aparecer a todo o momento um robalo a sair da água preso no anzol. Mas, infelizmente (ou não) em vez de peixe vêm quase sempre....as verdinhas algas..... que logo, por entre palavrões, são depositadas nas rochas.....a secar.
Pescadores ajudam a limpar as águas da Ria! (podia bem ser uma manchete de jornal de sábado ou domingo). Mas a sim ser, seria seguramente um título bem enganoso!
Senão vejamos o que estes pescadores (poluidores) deixam de consciência tranquila em qualquer lugar onde se instalam:





Que farão estes saquinhos tão cuidadosamente encostados? Estão seguramente à espera de alguém.....de quem será?
Não teriam tido melhor destino se tivessem sido colocados no contentor apropriado ou levado no carro do próprio pescador desportivo até ao eco-ponto mais próximo?

E foram 3! Mas quem as bebeu ainda teve o equilibrio suficiente para não as deixar tombadas.......de qualquer maneira pelo chão. Cuidadoso!
Pena é que seja daquela estirpe de "gente fina", que simplesmente não as pôde levar ao eco-ponto próximo.
E aí vai ele!
Um saco plástico voou da margem até à Ria. Se juntarmos aos sacos, que a voar vão parar à água, as latas, os garrafões de água, e muitos outros objectos deixados irresponsavelmente nas margens por estes poluidores «desportivos» teremos uma Ria atrofiada de lixo e de gente badalhoca, a pedir que se aplique sobre eles o princípio do poluidor-pagador.
Bom seria que a GNR que frequentemente passa por esta estrada estivesse atenta a esta faina,.... e se se pudesse apear do jipe e exercer uma actividade fiscalizadora sobre esta gente..... gente, a necessitar urgentemente de educação, tal qual, como de peixe pró anzol.
É por estas razões que é bom viver na minha terra. Cá, não há disto!